terça-feira, 3 de julho de 2012

Fortaleza ganha o primeiro hospital para atendimento exclusivo às mulheres


No primeiro dia de funcionamento, 60 mulheres foram atendidas nas especialidades de ortopedia e ginecologia. 

O dia 2 de julho de 2012 entra para a historiografia da saúde no município de Fortaleza. Pela primeira vez, a cidade passa a ter um equipamento de saúde voltado exclusivamente para a atenção à mulher. O Hospital da Mulher de Fortaleza começou a funcionar na tarde desta segunda-feira (2), precisamente às 14 horas.

Foi discretamente que a unidade abriu portões e portas para atender as primeiras usuárias. Por tantas expectativas que despertou, mas também pela grandiosidade do projeto e da concretização dele, a abertura não teve a pompa que merecia. O Hospital da Mulher seguiu a lógica inversa de começar a funcionar, entrar nos eixos, para só mais tarde ser inaugurado. A decisão contraria o que é de praxe na administração pública – inaugurar os serviços para dar início ao funcionamento –, porém é mais responsável e respeitosa com a população.

O equipamento começa a funcionar oferecendo o atendimento ambulatorial às mulheres de Fortaleza, que estão sendo encaminhadas de outras unidades de saúde do município por meio da Central de Marcação de Consultas e Exames Especializados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), responsável por fazer os agendamentos através de ligação telefônica para a residência das usuárias. Foi assim com Miriam Arruda Maciel, a primeira mulher a ser atendida no hospital, encaminhada pelo Centro de Saúde da Família (CSF) Maciel de Brito, no Conjunto Ceará.

Queixando-se de dores no joelho e na coluna, Miriam foi atendida por uma equipe multiprofissional, até entrar no consultório do médico ortopedista. Depois de três meses aguardando uma consulta, foi com satisfação que deixou o Hospital da Mulher nesta segunda-feira, coincidentemente, dia em que completou 56 anos de vida. “Foi tudo maravilhoso, um presente de aniversário e espero que continue assim. Estou saindo daqui com os exames marcados e o retorno agendado”.

Casada, mãe de três filhos, sendo duas mulheres, e já com uma neta de 15 anos, Miriam tem a expectativa de ver todas as gerações de mulheres da família atendidas no novo equipamento de saúde da cidade. Ela foi uma das 60 mulheres atendidas no primeiro dia de funcionamento do hospital, entre as especialidades de ortopedia e ginecologia. A ampliação dos atendimentos, até atingir 16 especialidades e a capacidade total de oferta de serviços e procedimentos, será feita de forma gradual.

O próprio tamanho do hospital é revelador do potencial que ele tem para atender amplamente as mulheres de Fortaleza no direito à saúde. O equipamento está erguido em um terreno de 70.746,32 metros quadrados, espaço equivalente a mais de sete campos de futebol oficiais, tendo 26.465 metros quadrados de área construída divididos em quatro blocos.

No primeiro bloco, ficam a administração, consultórios, laboratórios de análises clínicas, serviço de pronto atendimento, centro de parto normal e parto cirúrgico, centro de terapias alternativas, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e centro cirúrgico, que conta com oito mesas cirúrgicas, sendo uma para cirurgia traumato-ortopédica, quatro para cirurgia geral e duas para cirurgia obstétrica, além de uma mesa cirúrgica com dimensões diferenciadas para acomodar melhor mulheres com obesidade, independente do procedimento cirúrgico.

Também no primeiro bloco, está instalado o centro de imagens, onde já foram montados tomógrafo e mamógrafo, dois aparelhos de ultrassonografia e um aparelho de raios x. O sistema de tomografia computadorizada, em espiral para corpo inteiro, foi concebido para gerar imagens de ótima qualidade, com a menor exposição possível à radiação. Já o mamógrafo, um dos mais modernos na tecnologia da imagem em mamografia, com apenas três modelos em todo o Brasil na rede pública, realiza o exame de mamografia digital 3D tomossíntese, uma nova modalidade de exame aplicada à mama, que adquire imagens tridimensionais do tecido mamário. Nos demais blocos, há enfermarias, farmácia, almoxarifado, necrotério, salas de oficina e manutenção, além de placas coletoras solares, cuja energia térmica absorvida servirá para o aquecimento da água utilizada para banho.

Mais do que um marco para a historiografia da saúde no município de Fortaleza, o dia 2 de julho de 2012 pode representar um divisor de águas na atenção à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres da cidade. O Hospital da Mulher de Fortaleza se propõe a dar respostas às necessidades das mulheres do município abordando vários problemas de saúde específicos da população feminina.

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